sábado, 27 de setembro de 2008

FERNANDO PESSOA // NAVEGUE




Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar delesé lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é
para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa
de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só
o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas
as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é
outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à
parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não
enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo
também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar
necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada".


Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar delesé lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é
para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa
de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só
o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas
as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é
outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à
parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não
enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo
também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar
necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada".

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Texto de Clarice Lispector, música de Jards Macalé. do show Rosa dos Ventos de Maria Bethânia.

BETHANIA // BRASILEIRINHO

MARIA BETHANIA E RENATA SORRAH

RIO - Maria Bethânia e Renata Sorrah sobem ao palco do Teatro Municipal nesta quinta-feira para a apresentação única de "Brasileirinho".

O evento, que destaca a reedição do aclamado show, terá renda revertida para o Instituto Pró-Criança Cardíaca.

Em um encontro com o jornalista Arnaldo Bloch no Estúdio Floresta - ao pé das comunidades do Cerro-Corá e dos Guararapes - cantora e atriz conversam sobre show, trabalho voluntário e Municipal. As duas lamentam que aqui o público nem sempre possa abraçar a grande arte e os grandes palcos.Jornal O Globo - 24/09/200825/09/2008 Publicada por Claudio

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

A OBRA DA INTÉRPRETE MARIA BETHÂNIA


A obra da intérprete Maria Bethânia
Cantora recebe distinção antes concedida apenas a compositores, e relembra canções marcantes de sua carreira

Roberta Pennafort

“Sim, sei bem/ Que nunca serei alguém/ Sei, de sobra/ Que nunca terei uma obra.” Foi com os versos de Sim, Sei Bem, poema de Fernando Pessoa musicado por Sueli Costa, que Maria Bethânia abriu o show que sucedeu à entrega de seu Prêmio Shell de Música, na terça-feira à noite, no Vivo Rio.

Pela primeira vez, a láurea foi concedida a uma intérprete, e não a um compositor (nos últimos 26 anos, já foram homenageados de Tom Jobim a Jorge Benjor). O júri (dois jornalistas, um professor, um produtor cultural e dois produtores musicais) considerou que seu trabalho tem “alguma assinatura”, como a própria definiu na hora dos agradecimentos - o que torna a escolha da música de abertura ainda mais cheia de significado.

“Uma intérprete não pode receber um prêmio sozinha”, disse Bethânia, para depois lembrar gente importante em sua bem-sucedida trajetória de quatro décadas: Nara Leão, sua antecessora no espetáculo Opinião, os diretores Augusto Boal, Fauzi Arap e Bibi Ferreira, o maestro Jaime Alem, com quem trabalha desde os anos 80, os compositores que gravou. “Minha mãe está muito feliz. A Bahia também está feliz. Esse prêmio é dos mestres e dos aprendizes, como eu.”

Apresentada pela atriz Renata Sorrah como “várias”, a cantora que “nunca se recostou no trono de ‘Abelha Rainha’” e que “sempre fez o que quis” lembrou diferentes fases de sua carreira.

Para uma platéia de convidados, seus e da Shell, cantou bastante o irmão, Caetano Veloso (que não compareceu porque estava em estúdio, segundo outro irmão, Roberto, representante da família): O Nome da Cidade, O Quereres, Drama, Não-Identificado (surpreendeu o público, acostumado a ouvi-la na voz de Gal Costa), Reconvexo, Motriz, Céu de Santo Amaro.

Cantou Roberto Mendes, compositor de sua Santo Amaro natal muito presente em seus discos (Yá Yá Massemba, Iluminada, Vila do Adeus - errou a letra, desculpou-se e seguiu adiante -, Dentro do Mar Tem Rio), Gonzaguinha (Não Dá Mais pra Segurar, O que é o que é, clímax da noite), Chico Buarque (Rosa dos Ventos, Sonho Impossível, Olhos nos Olhos, Minha História), Dorival Caymmi (João Valentão; Doce, de Roque Ferreira, é linda homenagem ao compositor que morrem recentemente, de autoria de Roque Ferreira), entre outros compositores que fizeram sua história.

Como de costume, entremeou canções e textos (Pessoa, Vinicius de Moraes). Apresentou uma inédita, Feito na Bahia, também de Roque Ferreira, que poderia ter sido composta para ela: “Já vim predestinada a cantar assim”, conta um verso. “Sou iluminada”, diz outro. Mais uma vez, tropeçou na letra - “é a primeira vez que eu canto”, justificou, emocionada.

A mãe, dona Canô, de 100 anos, ficou em casa. “Ela está andando de bengala, e é muito vaidosa...”, disse Roberto Veloso. “Estamos todos orgulhosíssimos com o prêmio.” Na platéia, poucos artistas e muitos fãs. “Viemos da Argentina, da Bahia, de São Paulo e daqui do Rio de Janeiro. É um dia inesquecível na vida dela e na nossa”, disse a baiana Neide de Jesus, e amigos, que, durante o bis, jogaram pétalas de flores sobre Bethânia.

Bethania no Vivo Rio


Cantora recebe distinção antes concedida apenas a compositores, e relembra canções marcantes de sua carreira

Roberta Pennafort

“Sim, sei bem/ Que nunca serei alguém/ Sei, de sobra/ Que nunca terei uma obra.” Foi com os versos de Sim, Sei Bem, poema de Fernando Pessoa musicado por Sueli Costa, que Maria Bethânia abriu o show que sucedeu à entrega de seu Prêmio Shell de Música, na terça-feira à noite, no Vivo Rio.

Pela primeira vez, a láurea foi concedida a uma intérprete, e não a um compositor (nos últimos 26 anos, já foram homenageados de Tom Jobim a Jorge Benjor). O júri (dois jornalistas, um professor, um produtor cultural e dois produtores musicais) considerou que seu trabalho tem “alguma assinatura”, como a própria definiu na hora dos agradecimentos - o que torna a escolha da música de abertura ainda mais cheia de significado.

“Uma intérprete não pode receber um prêmio sozinha”, disse Bethânia, para depois lembrar gente importante em sua bem-sucedida trajetória de quatro décadas: Nara Leão, sua antecessora no espetáculo Opinião, os diretores Augusto Boal, Fauzi Arap e Bibi Ferreira, o maestro Jaime Alem, com quem trabalha desde os anos 80, os compositores que gravou. “Minha mãe está muito feliz. A Bahia também está feliz. Esse prêmio é dos mestres e dos aprendizes, como eu.”

Apresentada pela atriz Renata Sorrah como “várias”, a cantora que “nunca se recostou no trono de ‘Abelha Rainha’” e que “sempre fez o que quis” lembrou diferentes fases de sua carreira.

Para uma platéia de convidados, seus e da Shell, cantou bastante o irmão, Caetano Veloso (que não compareceu porque estava em estúdio, segundo outro irmão, Roberto, representante da família): O Nome da Cidade, O Quereres, Drama, Não-Identificado (surpreendeu o público, acostumado a ouvi-la na voz de Gal Costa), Reconvexo, Motriz, Céu de Santo Amaro.

Cantou Roberto Mendes, compositor de sua Santo Amaro natal muito presente em seus discos (Yá Yá Massemba, Iluminada, Vila do Adeus - errou a letra, desculpou-se e seguiu adiante -, Dentro do Mar Tem Rio), Gonzaguinha (Não Dá Mais pra Segurar, O que é o que é, clímax da noite), Chico Buarque (Rosa dos Ventos, Sonho Impossível, Olhos nos Olhos, Minha História), Dorival Caymmi (João Valentão; Doce, de Roque Ferreira, é linda homenagem ao compositor que morrem recentemente, de autoria de Roque Ferreira), entre outros compositores que fizeram sua história.

Como de costume, entremeou canções e textos (Pessoa, Vinicius de Moraes). Apresentou uma inédita, Feito na Bahia, também de Roque Ferreira, que poderia ter sido composta para ela: “Já vim predestinada a cantar assim”, conta um verso. “Sou iluminada”, diz outro. Mais uma vez, tropeçou na letra - “é a primeira vez que eu canto”, justificou, emocionada.

A mãe, dona Canô, de 100 anos, ficou em casa. “Ela está andando de bengala, e é muito vaidosa...”, disse Roberto Veloso. “Estamos todos orgulhosíssimos com o prêmio.” Na platéia, poucos artistas e muitos fãs. “Viemos da Argentina, da Bahia, de São Paulo, e daqui do Rio de Janeiro. É um dia inesquecível na vida dela e na nossa”, disse a baiana Neide de Jesus, que, durante o bis, jogou pétalas de flores sobre Bethânia.


(© Estadão)

MARIA BETHANIA E PREMIO SHELL


No prêmio Shell, Bethânia diz que é impossível intérprete ser premiado sozinho
Em cerimônia de poucos flashes e um show com repertório surpresa, a cantora Maria Bethânia recebeu na noite desta terça-feira o 28º Prêmio Shell de Música, no Vivo Rio (centro da cidade). Na primeira vez que uma intérprete ganhou a premiação, Bethânia dedicou o prêmio à "voz feminina" do Brasil e aos compositores com quem fez parcerias.

"Um intérprete não pode receber o prêmio sozinho. É impossível. Por toda a minha vida tenho que contar com grandes artistas e amigos. Este prêmio é meu, estou orgulhosíssima dele, mas é de muita gente também", disse a cantora, ao receber o prêmio.

Logo depois, emendou um show com repertório surpresa, um "condensado da carreira" com 31 músicas, montado exclusivamente para a apresentação, segundo a produção.

Bethânia foi premiada pelo conjunto da obra por um júri formado pelo jornalista da Folha Luiz Fernando Vianna, por Arthur Dapieve, de "O Globo", pelo radialista Fernando Mansur, pelo produtor cultural Bruno Levinson e pelos produtores musicais Moogie Canazio e Zuza Homem de Mello. Até o ano passado, o regulamento restringia a premiação a compositores.

"Este prêmio sempre foi para autores, compositores, e eu sou uma intérprete. Então, eu fiquei comovida de os senhores [jurados] verem no meu trabalho alguma criatividade, alguma assinatura", disse.

Em discurso de seis minutos --mais curto que o da atriz Renata Sorrah, que apresentou a cerimônia-- Bethânia também dedicou o prêmio aos pais, a professores de escolas públicas onde estudou e a nomes como Nara Leão --que "descobriu" Bethânia na Bahia-- Zé Ketti, Bibi Ferreira, Augusto Boal, Caetano Veloso, Chico Buarque, os músicos de sua banda e "cada um dos senhores [da platéia]".

Na platéia, os 1.190 convidados da cerimônia --dez faltaram, segundo a produção-- variavam entre familiares e amigos de Bethânia, pouquíssimas celebridades, integrantes de fã-clubes da cantora e empresários da Shell.

A pedido da própria Bethânia, a idéia era fazer uma cerimônia simples, com um público menor do que a casa comporta (2.500 pessoas) para dar conforto aos convidados, segundo a assessoria de imprensa do evento.

A cantora também parecia à vontade nas 1h37 em que permaneceu em palco. Descalça, com saia, calça e jaqueta verdes, arriscou sambar em "Volta por Cima", riu com as mãos na cintura em "Olhos nos Olhos" e cantarolou ao errar por duas vezes a letra de "Vila do Adeus".

"Desculpe. Eu adoro essa música. Se deixar, canto a noite toda", disse, sentada em um banquinho do palco, com pouca decoração e um fundo que variava em preto e azul.

A platéia, na qual estavam , Sérgio Britto, , Hermila Guedes e Zuenir Ventura, aplaudiu ainda tímida, mas foi se soltando aos poucos. Ao final, quando Bethânia fechou o repertório com "O que É o que É", todo o público estava de pé e se aproximava do palco para cumprimentar a cantora.



LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio

Prêmio Shell homenageia Maria Bethânia



A cantora Maria Bethânia foi a grande homenageada do Prêmio Shell de Música na noite desta terça-feira, 9, apresentado pela atriz Renata Sorrah. O evento foi realizado no palco do Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Pelo conjunto de sua obra, ela recebeu um troféu desenhado pelo joalheiro Caio Mourão e um prêmio de R$ 15 mil. É a primeira vez que o prêmio Shell foi entregue a uma intérprete

Maria Bethânia e Gilberto Gil - Anda Luzia