sábado, 30 de agosto de 2008

MARIA BETHANIA // MÃE MENININHA






Letras de Músicas | Letra de Oração da Mãe Menininha

Sophia de Mello Breyner








As ondas



As ondas quebravam uma a uma



Eu estava só com a areia e com a espuma



Do mar que cantava só para mim.






Mar sonoro



Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.



A tua beleza aumenta quando estamos sós



E tão fundo intimamente a tua voz



Segue o mais secreto bailar do meu sonho.



Que momentos há em que eu suponho



Seres um milagre criado só para mim.






O jardim



O jardim está brilhante e florido,



Sobre as ervas, entre as folhagens,



O vento passa, sonhador e distrído,



Peregrino de mil romagens.



É Maio ácido e multicolor,



Devorado pelo próprio ardor,



Que nesta clara tarde de cristal



Avança pelos caminhos



Até os fantásticos desalinhos



Do meu bem e do meu mal.



E no seu bailado levada



Pelo jardim deliro e divago,



Ora espreitando debruçada



Os jardins do fundo do lago,



Ora perdendo o meu olhar



Na indizível verdura



Das folhas novas e tenras



Onde eu queria saciar



A minha longa sede de frescura.

Maria Bethania - Seu Jeito de Amar // Negue



Letras de Músicas | Letra de Seu Jeito de Amar

Maria Bethania - Seu Jeito de Amar

Não domino mais o meu coração
Já não sou mais o dono de mim.
Perto de você tenho a sensação que estou preso e não quero fugir
Não posso conter a minha paixão, quando sinto você me tocar
Não sei controlar minhas emoções
Eu adoro o seu jeito de amar
Eu gosto demais de tudo que você faz
Em tudo eu sou seu fã
Eu gosto do seu jeito de sentir prazer
Eu gosto demais do modo que me seduz
Do jeito que me possui
Por isso é que não posso viver sem você

Maria Bethania - Salve As Folhas



Letras de Músicas | Letra de Salve As Folhas

Maria Bethania - Salve As Folhas

Sem folha não tem sonho
Sem folha não tem vida
Sem folha não tem nada

Quem é você e o que faz por aqui
Eu guardo a luz das estrelas
A alma de cada folha
Sou Aroni

Cosi euê
Cosi orixá
Euê ô
Euê ô orixá

Sem folha não tem sonho
Sem folha não tem festa
Sem folha não tem vida
Sem folha não tem nada

Eu guardo a luz das estrelas
A alma de cada folha
Sou aroni

Maria Bethania - Fé Cega Faca Amolada



Letras de Músicas | Letra de Fé Cega Faca Amolada

Maria Bethania - Fé Cega Faca Amolada

Agora não pergunto mais aonde vai a estrada.
Agora não espero mais aquela madrugada.
Vai ser,vai ser,vai ter de ser, vai ser, faca amolada.
O brilho cego de paixão e fé,faca amolda.
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo.
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo.
Brilhar, brilhar,acontecer,brilhar,faca amolada.
Irmão,irmã,irmã,irmão de fé,faca amolada.
Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia.
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia.
A fé,a fé,paixão e fé,a fé, faca amolada.
Deixar a luz brilhar no pão de cada dia.
Deixar o seu amor crescer na luz de todo dia.
Vai ser,vaiser, vai ter de ser, vai ser muito tranquilo.
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Maria Bethania - De Todas as Maneiras


Letras de Músicas | Letra de De Todas as Maneiras

Maria Bethania - De Todas as Maneiras

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos

Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado

Quando entra o verão
De todas as maneiras que há de amar
Já nos machucamos
Com todas as palavras feitas pra humilhar

Nos afagamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado

Maria Bethania - Esse Cara



Letras de Músicas | Letra de Esse Cara

Maria Bethania - Esse Cara

Ah que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher

Maria Bethania - Sonho Meu



Letras de Músicas | Letra de Sonho Meu

Maria Bethania - Sonho Meu


Sonho meu, sonho meu
Vai buscar quem mora longe
Sonho meu
Vai mostrar esta saudade
Sonho meu
Com a sua liberdade
Sonho meu
No meu céu a estrela guia se perdeu
A madrugada fria só me traz melancolia
Sonho meu

Sinto o canto da noite
Na boca do vento
Fazer a dança das flores
No meu pensamento

Traz a pureza de um samba
Sentido, marcado de mágoas de amor
Um samba que mexe o corpo da gente
E o vento vadio embalando a flor

Maria Bethania - É O Amor



Letras de Músicas | Letra de É O Amor

Maria Bethania - É O Amor

Eu nao vou negar..que sou louco por voce
Estou maluco pra lhe ver...Eu nao Vou nEgar...
Eu nao vou negar sem voce tudo é saudade
você traz felicidade..Eu não Vou negar..
Eu nao vou negar..voce é meu doce mel..
meu pedacinho de ceu..
eu nao vou negar!!
Voce é minha doce amada..Minha alegria!
meu conto de fada..minha fantasia..!
a paz que eu preciso para sobreviver.,.
eu sou o seu apaixondado de alma transparente..
louco alucinado..meio inconsequente
um caso complicado de se entender..
É o Amor...que mexe com minha cabeça e me deiXa assim..
que faz eu pensar em voce e esquecer de mim
que faz eu esquecer que a vida é feita pra viver..
É o amor..que veio como um tiro certo no meu coraçao
e derrubou a base forte da minha PaiXaO
e fez eu entender que a vida é nada..sem voce..
Eu nao vou negar..voce é meu doce mel..
meu pedacinho de ceu..
eu nao vou negar!!
Voce é minha doce amada..Minha alegria!
meu conto de fada..minha fantasia..!
a paz que eu preciso para sobreviver.,.
eu sou o seu apaixondado de alma transparente..
louco alucinado..meio inconsequente
um caso complicado de se entender..
É o Amor...que mexe com minha cabeça e me deiXa axim..
que faz eu pensar em voce e esquecer de mim
que faz eu esquecer que a vida é feita pra viver..
É o amor..que veio com um tiro certo no meu coraçao
e derrubou a base forte da minha PaiXaO
e me fez entender que a vida é nada..sem voce..

Maria Bethania - Nem o Sol, Nem a Lua, Nem Eu


Letras de Músicas | Letra de Nem o Sol, Nem a Lua, Nem Eu

Maria Bethania - Nem o Sol, Nem a Lua, Nem Eu

Hoje eu encontrei a Lua
Antes dela me encontrar
Me lancei pelas estrelas
E brilhei no seu lugar
Derramei minha saudade
E a cidade se acendeu
Por descuido ou por maldade
Você não apareceu

Hoje eu acordei o dia
Antes dele te acordar
Fui a luz da estrela-guia
Pra poder te iluminar
Derramei minha saudade
E a cidade escureceu
Desabei na tempestade
Por um beijo seu

Nem a Lua, nem o Sol, nem Eu
Quem podia imaginar
Que o amor fosse um delirio seu
E o meu fosse acreditar


Hoje o Sol não quis o dia
Nem a noite o luar.

Maria Bethania - A Dona do Raio e do Vento



Letras de Músicas | Letra de A Dona do Raio e do Vento

Maria Bethania - A Dona do Raio e do Vento

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
Que Santa Bárbara é santa que me clareia

A minha voz é o vento de maio
Cruzando os ares, os mares e o chão
E meu olhar tem a força do raio
que vem de dentro do meu coração

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
Que Santa Bárbara é santa que me clareia

Eu não conheço rajada de vento
Mais poderosa que a minha paixão
E quando o amor relampeia aqui dentro
Vira um corisco esse meu coração

Eu sou a casa do raio e do vento
Por onde eu passo é zunido é clarão
Porque Iansã desde o meu nascimento
Tornou-se a dona do meu coração

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
Que Santa Bárbara é santa que me clareia

O raio de Iansã sou eu
E o vento de Iansã também sou eu
O raio de Iansã sou eu

Maria Bethania - Atiraste Uma Pedra



Letras de Músicas | Letra de Atiraste Uma Pedra

Maria Bethania - Atiraste Uma Pedra

Atiraste uma pedra no peito de quem só te fez tanto bem
E quebraste um telhado, perdeste um abrigo
Feriste um amigo
Conseguiste magoar quem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou
Quebraste um telhado
Que nas noites de frio te servia de abrigo
Perdeste um amigo que os teus erros não viu
E o teu pranto enxugou
Mas acima de tudo atiraste uma pedra
Turvando esta água
Esta água que um dia, por estranha ironia
Tua sede matou
Atiraste uma pedra no peito de quem
Só te fez tanto bem

MARIA BETHANIA // O CIUME / Geraldo Azevedo



de WEBLETRAS.COM.BR letras de músicas
Letras de Músicas | Letra de Opinião

Geraldo Azevedo - O Ciúme

Dorme o sol à flor do chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, pernambuco, rio, bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre petrolina e juazeiro canta
Velho chico vens de minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme

Maria Bethania - Brisa




Letras de Músicas | Letra de Brisa


Maria Bethania - Brisa

Vamos viver no Nordeste, Anarina
Vamos viver no Nordeste
Deixarei aqui, meus amigos, meus livros
Minhas riquezas, minha vergonha
Deixarás aqui, tua filha, tua avó, teu marido
Teu amante

Aqui, faz muito calor
No Nordeste faz calor também
Mas lá tem brisa
Vamos viver de brisa, Anarina
Vamos viver de brisa

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quinta-feira, 28 de agosto de 2008




Dona Canô- ilustre de Santo Amaro da Purificação
A fisionomia aparenta certa fragilidade, mas só aparenta. Aos noventa e poucos anos, dona Claudionor Viana Teles Cardoso, mais conhecida nacionalmente como dona Cano, é a matriarca da família mais famosa de Santo Amaro da Purificação, os Veloso, ninho dos cantores Caetano Veloso, Maria Bethânia e da poetiza Mabel Veloso.

D. Cano, não é uma simples moradora do local, é também agitadora cultural, organizadora das mais belas festas religiosas da cidade, a exemplo da tão conhecida e freqüentada Novena de Santo Antônio, que realiza todos os anos. É ela também, em muitos casos, a porta-voz da pequena cidade, distante a 81 quilômetros de Salvador, junto à comunidade política. Foi sua boa relação com autoridades, que contribuiu para melhorias em Santo Amaro.

Assim, ela conseguiu a restauração da igreja matriz de Santo Amaro, que ficou três anos fechada. Bastou uma conversa sua com o então governador da época, Antônio Carlos Magalhães, para que seu desejo fosse realizado. Ela também foi ao governador Paulo Souto pedir pela limpeza do Rio Subaé, que cruza o município. Pouco tempo depois, o programa de despoluição foi incluído no Projeto Bahia Azul de saneamento ambiental.

Admirada por todos

Por iniciativas desse tipo e por sua simplicidade e candura, a mãe de Caetano e Bethânia é admirada em sua cidade e respeitada por intelectuais, artistas, políticos e autoridades religiosas, além das inúmeras pessoas que visitam Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, fazendo questão de conhecer a cada 179 da avenida Ferreira Bandeira.
Nascida em 16 de setembro de 1907, dona Canô praticamente viu a história de Santo Amaro acontecer. Ela lembra, por exemplo, do surgimento da primeira praça da cidade. Uma festa para um lugar onde havia nada. Outro fato marcante foi a chegada da luz elétrica por lá, em 1918, depois de conflito entre os dois grupos políticos da localidade. Dona Canô ainda chegou a ver os bondes puxados por burros, que iam até o porto do Conde, de onde saía o vapor em direção a Salvador. Mesmo pertencendo a uma família de poucas posses, ela estudou no Colégio das Sacramentinas, recendo uma educação rígida. Estudou piano e Francês. No dia 7 de janeiro de 1931, casou-se com José Telles Veloso, o seu Zeca, na época um telegrafista da Companhia de Correios e Telégrafos. Foi morar na casa da mãe do marido, levando a filha Nicinha, adotiva.
Um ano mais tarde, ela teve sua primeira filha biológica, Maria Clara e logo depois vieram os demais: Maria Isabel, Rodrigo, Roberto, Caetano e Maria Bethânia, além de Irene, que foi adotada alguns anos mais tarde.

Por volta de 1945, dona Canô começou a perceber o talento artístico dos filhos. Naquele tempo Caetano já usava resto de carvão para pintar as paredes de casa e até chegou a pintar quadros durante a adolescência. Ele tinha dez anos quando gravou o primeiro disco com apenas duas músicas, tendo sido acompanhado pela irmã Nicinha no piano.


A saudade do filho no exílio

Uma das épocas mais difíceis para dona Canô e a família Veloso, foi a do exílio de Caetano, em Londres. No início dos anos 60, ela e seu Zeca tinham mudado para Salvador para acompanhar os filhos cantores. Nos festivais de música, os filhos de Santo Amaro tornavam-se conhecidos e deixavam famoso também o nome da cidade. Em 1969, Caetano parte para o seu exílio em Londres, juntamente com o amigo Gilberto Gil, após alguns dias de prisão no Rio de Janeiro. Foram dois anos e meio sem ver o filho.
Ela e o marido Zeca retornaram a casa de Santo de Amaro no ano de 1984, a pedido dele que, doente, queria morrer em casa. A partir dali, dona Canô só se ausentou de Santo Amaro para acompanhar os filhos em algumas viagens, nas quais chegou a conhecer lugares como Madri, Barcelona, Paris, Nova York e Roma, onde se emocionou muito ao presenciar uma platéia inteira aclamando o nome de seu filho.
Hoje os compromissos e as viagens diminuíram, ela só sai de sua casa para ir à missa de todos os domingos na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, ou para prestigiar grandes eventos culturais, como os shows mais importantes dos filhos ou eventos especiais, como aconteceu recentemente quando foi assistir a estréia do espetáculo Alta Sociedade, apresentado pela amiga Fernanda Montenegro.

FESTA DE SAO JOAO




Dona Canô, matriarca da família Veloso, foi bem interessante fazer essa gravação lá. Dos filhos, apenas Rodrigo (que cuida dela), Clara, Nicinha e ela, a toda poderosa Maria Bethânia, estavam lá. E foi uma coincidência encontrar Bethânia lá. Não estava programado, já que ela havia chegado de viagem naquele dia.
OBS: Na foto ao lado os bastidores da gravação no quintal dos Veloso, em Santo Amaro.

O engraçado é que ela estava no quarto, descansando. Mas assim que ouviu o som da sanfona saiu e ficou por ali, no cenário de gravação. Super à vontade, cantava junto com o trio de forró como se estivesse numa roda de amigos.

A gravação era só com Dona Canô, mas é claro que eu não poderia deixar de aproveitar a chance de ter Betânia também. Por isso, chamei e ela topou. Depois de conversar com a matriarca centenária, chamei e Maria Bethânia veio. Uma conversa super agradável, em que ela me falou da paixão pelo São João. Disse que quando foi morar no Rio de Janeiro, ia para a beira da praia seguir a tradição. Sabe como? Acendendo uma fogueirinha de palito de fósforo. Hoje em dia, há três datas em que ela não permite marcar nenhum show: o aniversário da mãe, o dia de finados e o dia de São João (24 de junho**). Tudo pela paixão!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

D. CANO DE SANTO AMARO





Numa pequena cidade Santo Amaro da Purificação
no Recôncavo Baiano, tem um endereço muito especial, onde todos param para conhecer pessoalmente D. Claudionor Viana Teles Veloso mais conhecida como D. Cano.

D.Canô nasceu em 16 de Setembro de 1907, portanto completará 100 anos !!!

“Antes não havia nada. Bandeirão podou as árvores e colocou bancos para as pessoas sentarem”, conta. Da luz elétrica, lembra que surgiu, em 1918, a partir de um conflito entre dois grupos políticos adversários. “A briga foi feia, quebraram os lampiões de gás da cidade.” Havia também os bondes puxados por burros. A hora do embarque era definida pela maré cheia. E a travessia durava quatro horas.

Aprendeu o idioma francês e teve aulas de piano. “Naquele tempo não havia ginásio nem nada disso. Mas o ensino era muito superior ao de hoje”, ela diz.

O casamento de dona Canô, em 7 de janeiro de 1931 com o marido, José Telles Velloso,Nicinha, uma menina de três anos, que elegeu os Veloso a sua segunda família. A primeira filha biológica do casal, Clara Maria, nasceu um ano depois. Em seguida, vieram Maria Isabel, Rodrigo, Roberto, Caetano e Maria Bethânia. Irene, a caçula, tema de uma música de Caetano, só seria adotada por Canô anos depois. Oito filhos ao todo. Bem, como disse Caetano “


"Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.”

Bem, D. Cano, eu gostaria de poder homenageá-la a altura, mas não sei o quanto lhe devo ao colocar no mundo duas estrelas quem eu tanto AMO !!!

"Minha casa é no meio do mato,

e tem água ...é o que me importa ...
... e calor"

Maria Bethânia“

Lindo..............................

Pus meus sonhos noutros sonhos

e meus delírios num rio

quase anônimo,

que afogou meu gado,

meus outros rebanhos,

roças e jardins.

Um rio quase ternura,

que assistiu amor e paixão,

que assistiu até alegria:

um rio caso de amor.

SUBAÉ

terça-feira, 26 de agosto de 2008

BETHÂNIA / Um Jeito Estúpido De Te Amar // Isolda e Milton Carlos



Um Jeito Estúpido De Te Amar
Maria Bethânia

Composição: Isolda e Milton Carlos

Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar demais
Palavras são palavras
E a gente nem percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mais o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar

Ladainha de Santo Amaro


SANTO AMARO/BAHIA - CAPITAL DO RECÔNCAVO

Maria Bethânia canta Dorival Caymmi (1969)




Apresentação de Maria Bethânia com o Terra Trio num programa de TV em 1969. Bethânia canta um pout-pourri com músicas de Caymmi que exaltam a Bahia.

- Texto (Maria Bethânia)
- Adeus, meu Santo Amaro (Caetano Veloso)
- Texto (Maria Bethânia)
- João Valentão (Dorival Caymmi)
- Nunca Mais (Dorival Caymmi)
- Saudades da Bahia (Dorival Caymmi)
- Na Baixa do Sapateiro (Dorival Caymmi)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Maria Bethânia - Show As Canções que Você Fez pra mim





Letras | Letra de explode-coracao

Chega de tentar dissimular
E disfarcar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou

Chega de temer, chorar, sofrer
Sorrir, se dar, e se perder, e se achar
Que tudo aquilo que é viver,
Eu quero mais é me abrir
E que essa vida entre assim
Como se fosse o Sol
Desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor dessa manhã

Nascendo, rompendo, rasgando,
E tomando meu corpo e então...
Eu... chorando, sofrendo, gostando, adorando
Gritando feito louca, alucinada e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração

Maria Bethânia - Show As Canções que Você Fez pra mim





Letras | Letra de detalhes

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver

Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
O ronco barulhento do meu carro
A velha calça desbotada ou coisa assim
Imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei, mas, eu duvido
Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai lembrar de mim

A noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu, não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
Pensando ter amor nesse momento, desesperada, você tenta até ofim
E até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo amor em quase nada
Mas quase também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso, de vez em quando você vai lembrar de mim

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito e muito tempo em sua vida eu vou viver

Maria Bethânia - Show As Canções que Você Fez pra mim




Letras | Letra de ronda

De noite eu rondo a cidade
A lhe procurar, sem encontrar
No meio de olhares espio
Em todos os bares
Você não está...

Volto prá casa abatida
Desencantada da vida
O sonho, alegria me dá
Nele você está...

Ah! Se eu tivesse
Quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, essa busca é inútil
Eu não desistia ...

Porém com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando dadinhos
Jogando bilhar...

E nesse dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João...

Ah! Se eu tivesse
Quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, essa busca é inútil
Eu não desistia ...

Porém com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando dadinhos
Jogando bilhar...

E nesse dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João...

Maria Bethania // Quando o Amor Vacila


Letras de Músicas | Letra de Quando o Amor Vacila

Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.

Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.

Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.

Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.

Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.

Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.

Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.

Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.

Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.

Maria Bethânia - Show As Canções que Você Fez pra mim


Maria Bethânia - Show As Canções que Você Fez pra mim

MARIA MAIA ENTREVISTA SOPHIA B. ANDRESEN

Entrevista
Maria Maia entrevista Sophia de Mello Breyner Andresen(em Jornal de Poesia, Lisboa, 10 de Maio de 2000)

Maria: Quando estive aqui com o Fernando Mendes Vianna há dois anos, a sra falou um pequeno trecho da Odisseia em grego. Falou de memóriaSophia: Falei em grego? Eu não sei grego, só uns versos.
Maria: Falou alguns versos... a senhora é muito marcada pela visão do mundo grego?Sophia: Sim, sim, evidentemente.
Maria: Como assim?
Sophia: É natural, não é? É muito parecido. Como na Grécia tem a mesma cor, se come azeitona, figo, azeite. É como a Itália, não? Sabe, nós não sabemos ao certo como nos marcam as coisas que verdadeiramente nos marcaram. É como um amigo que perguntou: como fazer verso?
Maria: Não se explica.
Sophia: Eu pelo menos não explico. Só as pessoas que fazem maus versos podem explicar. O que marcou e o que fez verso.
Maria: Quando a senhora começou a escrever?
Sophia: Quando comecei escrever eu não sabia escrever. Eu tinha uma pena enorme (rindo ). Eu pedi a minha mãe papel e caneta. Escrevia uma grafia que eu tinha imaginado, imagine você...Uns desenhos de umas letras inventadas por mim. Eu contava em voz alta.
Maria: Muito criança ainda, antes de ser alfabetizada?
Sophia: É. Foi. E depois aprendi a ler e a escrever. Comecei a escrever cedo, sim. 14 anos, 12 anos. Primeiro mal, depois melhor, não é?
Maria: E publicou com uns vinte e poucos anos.
Sophia: 23 ou 24, já não lembro mais. Primeiro livro, sim. (pausa. Retoma decidida). Não, publiquei antes. Em revistas e coisas assim. Depois publiquei um livro. Creio que aos 24 anos. Maria: Isso em 44. O livro Poesias, não é?
Sophia: Poesia. No singular.
Maria: Poesia. É. Depois então em 64 ganhou um prémio importante aqui em Portugal.
Sophia: Um prémio importante? Sim, foi no ano passado.
Maria: O prémio Camões, no ano passado. Mas em 1964 um livro de poesia da senhora já tinha sido premiado.
Sophia: Sim.
Maria: E sua relação com a poesia brasileira, conheceu poetas brasileiros?
Sophia: Bem, eu acho que tive uma relação muito profunda com o João Cabral e com as coisas que ele procurava ( pausa ). Eu não pensava muito nisso. Nuca tive muita teoria. Fui sempre uma pessoa muito antiteórica. Mas encontrei muita coisa. Quando encontrei João Cabral ele disse-me assim: eu tenho muita admiração por si...que é que ele disse? ( pausa) como é que foi que ele disse? (procurando na memória) ...porque você é uma poeta que usa muito substantivo concreto.( ri ). Eu pensei: é? Mas é verdade, não é? Nos encontramos em Sevilha. Nós fomos com uns amigos brasileiros que iam lá convidados pelo João, para a casa dele. E o João disse: por que vocês não vêm e ficam no hotel? E fomos e ficamos num hotel lindo que o João descobriu. Era lindo, era um antigo palácio de uma família sevilhana. Já não existe, sabe? ( dando um trago no cigarro). Já destruíram ( jogando as cinzas no cinzeiro). O turismo é uma desgraça em toda parte do mundo, não é?
Maria: Vai acabando tudo, nivelando, pasteurizando... O encontro com João Cabral foi quando ele era cônsul em Barcelona, não? E a partir daí a senhora entrou em contanto com a poesia brasileira?
Sophia: Não. Eu já tinha lido o Manuel Bandeira. Já tinha lido vários poetas brasileiros. É que nesse tempo havia uma relação muito mais próxima, sabe? Porque o mundo não estava tão confuso como agora. Sai tanto livro. Sai tanta confusão. Agora um poeta se projecta, fala-se de sua obra, não é porque escreveu livros bons. É porque tem uma boa pessoa encarregada de sua propaganda.
Maria: De preparação na mídia, nos jornais. É verdade.
Sophia: Naquele tempo não. Vinha um amigo que dizia assim: - "Li ontem um poeta brasileiro extraordinário". Ele não tinha nada a ver com propaganda alguma. Mas a gente, se queria, lia o livro.
Maria: E a senhora considera importante esta relação entre a poesia portuguesa e brasileira?Sophia: Bem, eu considero importante a relação entre toda a poesia. A portuguesa com a brasileira é importante, como é importante a relação com a poesia africana. A poesia moçambicana é óptima, não é? Porque são países que falam português. Quer dizer, tem uma experiência de linguagem falada, de uma língua só.
Maria: E agora, ultimamente a senhora fez O Búzio de Cós, o último livro publicado foi O Búzio de Cós. E continua escrevendo?
Sophia: Sim, continuo.
Maria: E o sentido do trágico? A sua poesia é trágica, no sentido grego... A senhora se considera da mesma tradição de Fernando Pessoa?
Sophia: Não acho muito parecido com a tradição do Pessoa não. ( pausa longa ) O pessoa é um homem que para escrever renunciou a viver. Isso não se parece comigo nem com o João Cabral, não é?
Maria: A sua é uma poesia de quem vive, não é?
Sophia: Sim. É uma poesia de quem vive.
Maria: A senhora tem um artigo, um ensaio, sobre a Cecília Meirelles.
Sophia: Tenho. Foi o primeiro artigo que fiz na minha vida, não é mesmo? Porque eu não gostava nada de artigos. Mesmo hoje em dia não gosto nada. Mas naquela época eu gostava menos, sabe?Maria: E por que escreveu sobre a Cecília?
Sophia: Porque havia uma homenagem à Cecília e me convidaram para ir. Então eu fiz o artigo. Correu bem. Houve muita palma na minha intervenção. Mas a Cecília não foi, você sabe? Então aconteceu uma coisa, uma história engraçada. Ela não foi porque tinha uma amiga - agora se pode dizer porque a Cecília já morreu e a amiga também. E a amiga dela era uma mulher feia, fazia muita intriga. E disse à Cecília que éramos comunistas. A Cecília teve medo. Tratou a sério e não veio. Eu fui e também li os poemas dela. Depois ela ficou um bocado escandalizada, não é? Então a Cecília no Natal mandou uma grande caixa com frutos de natal, sabe? Frutas secas, nozes, essas coisas de natal. Você sabe que todos os natais eu ponho na árvore de natal ainda hoje? Mas eu nunca agradeci à Cecília.
Maria: Foi um equívoco que aconteceu entre vocês. Lamentável.
Sophia: (Levantando-se para pegar o segundo cigarro). Foi pateta. Mas é melhor perdoar, não? ( longo silêncio.

Sophia levanta-se, pega a carteira de cigarros na mesa em frente ao sofá e leva para o seu escritório, contíguo à sala onde estamos sentadas). Vou guardar para não fumar mais. Fumo muito pouco. Eu tenho muito pouco cigarro. É uma coisa terrível, porque não se vendem cá estes cigarros. Então quando vem um amigo, me traz.
Maria: Ah! Não se vendem aqui em Portugal?
Sophia: É. E também tenho que fumar pouco, não é? Então meus amigos dizem-me assim: - "Eu mando pouco para você fumar pouco." [Espero. Depois de instantes, Sophia retorna com um cigarro, que mantém apagado.]
Maria: A fonte de sua poesia é Portugal, o mundo ou é interior?
Sophia: Daí eu não sei a diferença entre interior e exterior. Eu vejo com os olhos, ouço com os ouvidos, como com os dentes, sinto com o nariz. Quanto a minha poesia, é Portugal, é interior e é exterior. Tenho uma parte intelectual, evidentemente. Tem uma parte de cultura, tem uma parte intelectual. Mas tem uma parte vivida, não é?
Maria: E a senhora teria uma definição para a atitude poética?Sophia: Não, não é possível.Maria: É fazer.
Sophia: É.
Maria: E suas fontes, referências dentro da poesia, da tradição poética?
Sophia: ( partindo o cigarro ao meio e me oferecendo metade ) Quer?
Maria: Não.Sophia: Eu parto aqui ( dividindo um cigarro entre 2/3 e 1/3 ) É que até aqui não se fuma ( apontando a parte do cigarro que, por incluir o filtro, focou maior). Esta parte não se fuma, não é? Se eu partir aqui ( aponta o meio do cigarro ) não fica nada (risos ).Maria: Eu parei de fumar. Mas de vez em quando fumo um pouquinho.
Sophia (acendendo o meu cigarro e o dela) Estou muito mesquinha hoje. Estou um bocado cansada.
Maria: Quer parar?
Sophia: Não. Daqui mais um quarto de hora.
Maria: Então a senhora estava falando das referências. Eu perguntei sobre as referências poéticas da senhora.
Sophia: ( pausa, Sophia dá uma longa tragada) Pois, o que é que você chama de referências poéticas, ter lido Homero? Ter lido João Cabral?
Maria: SimSophia: Eu acho que é muito mal um poeta que só lê o que escreve. Mas há muito poeta assim hoje em dia, não é? Por isso é que a literatura moderna está tão confusa...O texto mais bonito do Saramago é um artigo não muito longo que ele publicou quando teve o prémio. Ele fala da sua relação com o avô quando era pequeno. É muito bonito. É o texto mais nostálgico e mais poético que o Saramago escreveu. É um texto que ele fala da sua própria vida. Ele fala o que os livros não falam ou se falam, falam de uma outra maneira.Maria: Actualmente em Portugal se faz muita poesia boa?
Sophia: Há poetas bons, sim. António Ramos Rosa é muito bom, e outros bons poetas.
Maria: A senhora considera a língua portuguesa uma língua boa para se tratar de poesia?
Sophia: Eu penso que sim. Porque é uma língua que tem uma grande dificuldade em dizer tudo. Falar com tudo, não é. Não é uma língua estereotipada como é um pouco o francês e o inglês. No inglês há muita coisa compacta. O inglês é muito rico, mas tem que ser num único sentido. Em inglês deve-se começar o verso pela primeira pessoa. Eu sei porque tenho colaborado com escritores que me traduziram. Faz muita diferença. A única língua na qual se pode traduzir bem o poeta português é o italiano. Porque é a mesma organização da frase, não é?
Maria: Interessante esta relação da língua portuguesa com outras. Porque também me parece que a língua portuguesa tem possibilidades extraordinárias.
Sophia: Sim, porque tem uma capacidade de dizer, de formar novas palavras.Maria: Um pouco como o alemão, talvez?
Sophia: É.

Maria: O que é ser poeta hoje? Porque o mundo está tão confuso, tão fragmentário...tem lugar para o poeta hoje?
Sophia: Eu penso que tem, se ele arranja. Evidentemente que é importante que elas encontrem o eco da sua voz. (Toca o telefone, Sophia atende, era engano)
Maria: Este livro aqui foi encontrado entre os escritos de Fernando Pessoa, O que o turista deve ver em Lisboa . Foi encontrado há uns dez anos.
Sophia: Está escrito em que língua?
Maria: Ele foi escrito originalmente em inglês, mas esta edição é bilingue.
Sophia: Ah! Muito bom, muito interessante.
Maria: Porque ele achava que o povo português precisava ser mais respeitado dentro da Europa.
Sophia: Pois acontece uma coisa, sabe? Nós gostamos muito da Espanha, da arte espanhola. E o espanhol tem feitos extraordinários. Mas o espanhol é muito afirmativo, tem a mania de negar o outro. E eles têm feito uma política muito antiportuguesa. E eles atrás dos portugueses descobrindo a mesma coisa que os portugueses já tinham descoberto. E é preciso lembrar que as caravelas portuguesas que iam para os descobrimentos os espanhóis saqueavam na volta e mesmo na ida.
Maria: É também muito curioso que grande parte dos poetas contemporâneos importantes sejam poetas de língua portuguesa, não é? O Fernando Pessoa, a senhora, o Jorge de Sena...Mesmo poetas brasileiros importantes como Jorge de Lima, João Cabral...
Sophia: Você vê como o João Cabral usa a língua portuguesa - ele usa e quer usar - muito como Camões. Aqueles poemas conhecidos do Camões, da Índia, são poemas que brincam muito com a palavra. É muito parecido com o João Cabral.
Maria: E o seu exercício poético é também brincar com as palavras?
Sophia: É, sim. Jogo. Há muita parte de jogo, sim. Eu acho que o melhor momento da escrita do poema é quando as pessoas começam a sentir as palavras moverem-se sozinhas, sabe? E a brincarem umas com as outras. Andar a procura da rima, andar a procura do tempo, a procura da consonância, não é?



AS ROSAS // SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN



As rosas

Quando à noite desfolho e trinco as rosasÉ como se prendesse entre os meus dentes

Todo o luar das noites transparentes,

Todo o fulgor das tardes luminosas,

O vento bailador das Primaveras,A doçura amarga dos poentes,

E a exaltação de todas as esperas.



Sophia de Mello Breyner Andresen"Dia do Mar" (1º ed. Ática 1947, incluído no vol. I da "Obra Poética", ed. Caminho) (1º ed. Ática 1947, incluído no vol. I da "Obra Poética", ed. Caminho)

PORQUE // SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79

Sophia de Mello Breyner


Se todo o ser ao vento abandonamos


E sem medo nem dó nos destruímos,


Se morremos em tudo o que sentimos


E podemos cantar, é porque estamos


Nus em sangue, embalando a própria dor


Em frente às madrugadas do amor.


Quando a manhã brilhar refloriremos


E a alma possuirá esse esplendor


Prometido nas formas que perdemos

Maria Bethânia - Você Não Sabe





Letras Letra de voce-nao-sabe

Maria Bethânia - Você Não Sabe

Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz

Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor

Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim
E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz

Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender

Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde chegaria
Amor igual ao meu

Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz

Maria Bethania - Eu Queria Que Voce Viesse





Letras | Letra de eu-queria-que-voce-viesse

Maria Bethânia - Eu Queria Que Você Viesse

Eu queria que você viesse
Penso tanto que quase acontece
Porém, se eu decidir não me enganar assim
Talvez o meu pranto tenha fim
Se você ouvisse minha prece
Não quisesse me ver tão aflita
Sonhar não custa nada
Eu quero tanto ainda
Grata te daria uma saliva
Junto com você a vida impera
Nosso 3X4 na carteira
Vendo a meia-lua, a luz e meia
Rogo que me faça uma visita

Eu sonho tanto porque tanto lhe amo assim
O sonho é santo porque traz você pra mim