sábado, 20 de setembro de 2008

SOPHIA DE MELLO BREYNER // O POEMA


O poema me levará no tempo


Quando eu já não for eu


E passarei sozinha


Entre as mãos de quem lê


O poema alguém o dirá


Às searasS


ua passagem se confundirá


Como rumor do mar com o passar do vento


O poema habitará


O espaço mais concreto e mais atento


No ar claro nas tardes transparentes


Suas sílabas redondas(Ó antigas ó longasEternas tardes lisas)


Mesmo que eu morra o poema encontrará


Uma praia onde quebrar as suas ondas


E entre quatro paredes densas


De funda e devorada solidão


Alguém seu próprio ser confundirá


Com o poema no tempo

Livro Sexto (1962)

CLARISSE LISPECTOR // FRASES

A palavra é o meu domínio sobre o mundo.

Brasília…Uma prisão ao ar livre.

Mude,mas comece devagar,porque a direção é mais importanteque a velocidade.Sente-se em outra cadeira,no outro lugar da mesa.Mais tarde, mude de mesa.Quando sair,Procure andar pelo outro lado da rua.Depois, mude de caminho,ande por outras ruas,calmamente,...

...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.

CLARISSE LISPECTOR // FRASES

Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a
outra pessoa toda.

Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos
sentimentos mais urgentes que se tem na vida.


É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Com todo perdão da palavra, eu sou um misterio para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen // LIBERDADE



Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Nasceste para cantar !


Maria Bethânia

... Nasceste para cantar! Na nossa constelação musical é mais brilhante das estrelas. É no palco que constróis o teu mundo para soltar a voz em cada canção. É num palco iluminado que se tornas guerreira, vitoriosa. É no palco que encontras o aconchego, o carinho... Para cantar todas as paixões. Sabes interpretar com emoção! Sabes cantar com amor!!! (Betinho d’Saubara)

19/09/2008 Publicada por Neide

BETHÂNIA

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

BETHÂNIA // ÁGUAS DE CACHOEIRA

BETHÂNIA // PRENDA



Letras de Músicas | Letra de Prenda

Amar
É deitar com a lua
Num colo de samambaia
O sol na barra da saia
Estrelas no fim da rua
Amar é dormir tranqüilo
Um sono de adolescente
Sonhar um sonho indecente
E acordar para traduzi-lo
Amar é voltar molhado
Das águas do mar sereno
Queria ter te encontrado
Antes do passado
O tempo é pequeno
Amar é guardar no bolso
Canções que ninguém escuta
Um leve sabor de fruta
A cor que te faz mais moço
É fogo que se improvisa
Nas praias do pensamento
É vento é vazão é brisa
A razão precisa
Do sentimento
Amar é tecer segredos
Cuidando de quem se ama
É sempre acendendo a chama
É longe de todo medo
É pássaro é prenda é prata
É sombra é silêncio é sono
Amar é jamais ser dono
É febre que não maltrata

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

BETHÂNIA / LUA VERMELHA




Letras de Músicas | Letra de Lua Vermelha

Lua vermelha
quase sem amor
minha luz alheia
brilho sem calor

Lua vermelha
branca lua preta
lambe a minha orelha
com a sua cor

Lua vermelha
10 da madrugada
sapos na calçada
de nenhum país

Lua vermelha
noite sem Luís
toda sertaneja
eu sempre te quis

Lua vermelha
minha namorada
flor desabrochada
leite de pequim

Lua vermelha
noite que menstrua
lua lua lua
por cima de mim

Lua vermelha
pedra que flutua
que ilumina o poste
que ilumina a rua

Lua vermelha
meia de Luís
toda sertaneja
eu sempre te quis

Lua vermelha
ave flecha pluma
pérola madura
sono do dragão

Lua vermelha
só uma centelha
dura enquanto dura
bolha de sabão

Lua vermelha
fora da bandeira
bola japonesa
no céu do sertão

Lua vermelha
negra de Luís
toda sertaneja
eu sempre te quis



CANÇÃO DESNATURADA
Por que cresceste curuminha
Assim depressa, estabanada
Saíste maquiada dentro do meu vestido
Se fosse permitido eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo de poder
Te ver as pernas bambas curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites curuminha
Que eu te deixei em claro
Ignorar teu choro e só cuidar de mim
Deixar-te arder de febre curuminha
Cinqüenta graus tossir bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca curuminha
Raspar o teu cabelo
Ir te exibindo pelos botequins
Tornar azeite o leite do peito que mirraste
No chão que engatinhaste salpicar mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido te recolher pra sempre
R escuridão do ventre curuminha
De onde não deverias nunca ter saído.

MARIA BETHÂNIA

MARIA BETHÂNIA


"O palco é minha casa, minha água, é onde eu existo, o sentido de estar viva na Terra, tudo e o que sinto, percebo, pressinto, intuo e vivo é canalizado para o palco".
(Maria Bethânia)

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Beira Mar

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Sonho Impossível

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Rosa dos Ventos

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Não Identificado

PREMIO SHELL // CÉU DE SANTO AMARO

101 ANOS DE D. CANÔ


101 anos de Dona Canô - Foto de Reginaldo Perreira (Agência A Tarde).jpg

Mãe de Maria Bethânia Comemora 101 Anos




Mãe de Maria Bethânia Comemora 101 Anos

Dia 16 de setembro, dia do aniversário de D. Canô! A matriarca dos Velloso completou 101 anos e, como disse uma das filhas: 101 anos bem festejados! O dia começou com um café da manhã em família, às 10:30 horas a missa celebrada na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, a qual foi lindamente decorada com flores amarelas e brancas, havia um painel, tipo rede todo decorado com rosas amarelas que lembrava nitidamente a iluminação de Maneco Quinderé no Brasileirinho. Ao fazer essa analogia, a Bethânia sorriu feliz. Dona Canô chegou à Igreja usando um lindo vestido branco, trazendo à mão um buquê de rosas amarelas e acompanhada pelos filhos: Bethânia, Rodrigo, Clara e Roberto, (mas todos os filhos estavam presentes) sendo recebida com uma chuva de pétalas de rosas amarelas e brancas. Ao adentrar a igreja a cantora Joanna entoou o cântico de entrada: a Padroeira. A missa teve muitos cânticos, escolhidos pela aniversariante e a filha Nicinha. Mabel como sempre coordenou em sintonia com o celebrante as etapas da missa. No ofertório, 101 pessoas-amigas conduziram até o altar 101 rosas amarelas simbolizando cada ano de vida de D. Canô. Ao sair da Igreja, uma nova chuva de pétalas foi jogada sobre D. Canô, desta vez da parte alta-interna da Igreja. Em seguida todos foram convidados a almoçarem à casa de D. Canô um delicioso caruru, seguido de música ao vivo e posteriormente ao som do ‘Parabéns pra Você’. Foi um lindo dia e uma linda festa à altura da querida Canozinha e dos seus 101 aninhos, coroados com uma lua linda (Lua, Lua Vermelha, Lua Branca) no Céu de Santo Amaro. Mais uma vez desejamos toda a felicidade do mundo para D.Canô.

17/09/2008 Publicada por Neide

PRÊMIO SHELL MELHOR INTÉRPRETE

PARTE DO GRUPO QUE COMPARECEU AO PREMIO SHELL NO VIVO RIO

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Joana - A Padroeira


Letras de Músicas | Letra de A Padroeira


Ó, virgem santa, rogai por nós, pecadores
Junto a Deus Pai e livrai-nos do mal e das dores
Que todo homem caminhe
Tocado pela fé
Crendo na graça divina
Esteja como estiver
Abençoai
Nossas casas, as águas, as matas e o pão nosso
A luz de toda manhã, o amor sobre o ódio
Iluminai
A cabeça dos homens, te pedimos agora
E que o bem aconteça
Nossa Senhora

101 ANOS DE D. CANÔ

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Maria Bethania - Eu não existo sem você




Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo
Levará
Você de mim

Eu sei e você sabe
A distância não existe
E todo grande amor
Só é bem grande
Se for triste

Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos
Me encaminham
Pra você

Assim
Como o oceano
Só é belo com o luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim,como viver
Sem ter amor
Não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo
Sem você

Maria Bethania - Luz da Cidade



Letras de Músicas | Letra de Luz da Cidade
Letras de Músicas Letra de Luz da Cidade

A luz da cidade cintila
O palco é a rua deserta
Aberta, tranqüila
A mesma voz a cantar

E o som sentimento profundo
Mais fundo que as dores caladas
Olhei-me nos olhos do mundo
Sonhei acordada

O tempo que me atravessa
Não cessa a emoção passada
Tropeços, promessas
O sonho não pode parar

E a história nem sempre contada
Cantada por minha paixão
Explodindo o meu coração
Traduzindo a lição
Dos que morrem de amar

Estive em cada solidão
Em forma de canção
Espalhei-me no ar

BETHÂNIA // MULHER, SEMPRE MULHER


Letras de Músicas | Letra de Mulher, sempre Mulher

Mulher, sempre mulher

Mulher, ai, ai, mulher
Sempre mulher
Dê no que der
Você me abraça, me beija, me xinga
Me bota mandinga
Depois faz a briga
Só pra ver quebrar
Mulher, seja leal
Você bota muita banca
Infelizmente eu não sou jornal

Mulher, martírio meu
O nosso amor
Deu no que deu
E sendo assim, não insista
Desista, vá fazendo a pista
Chore um bocadinho
E se esqueça de mim

Roda Ciranda - Alcione & Maria Bethania

PARABÉNS D. CANÔ

Amanhã, D. Canô comemora seus 101 anos, será mais um dia de festa com todos os filhos e amigos reunidos a agradecer ao Criador pela sua vida e felicidade de poder desfrutar de sua sabedoria e bondade. O Rosa dos Ventos deseja a esta doce Senhora Felicidade, Alegria, Saúde, Paz, Fé, Esperança e Prosperidade.
15/09/2008 Publicada por Neide

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

As pessoas sensíveis não são capazes

De matar galinhas

Porém são capazes

De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira

À roupa do seu corpo

Aquela roupa

Que depois da chuva secou sobre o corpo

Porque não tinham outra

O dinheiro cheira a pobre e cheira

A roupa

Que depois do suor não foi lavada

Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"

Assim nos foi imposto

E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo

Ó construtores

Das grandes estátuas balofas e pesadas

Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem.

MARIA BETHANIA - DEMONIACA - CENA MUDA

Pra rua me levar - Ana Carolina e Maria Bethânia

FOTOS DE BETHANIA

BETHÂNIA COM 4 ANOS

BETHÂNIA COM 7 ANOS

SOPHIA DE MELLO BREYNER


Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.

FAMÍLIA VELLOSO

D. CANÔ E BETHÂNIA
D. CANÔ E FAMILIA

MARIA BETHANIA // NEGUE

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Maria Bethania - Poema Azul





O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Reconvexo




Letras de Músicas | Letra de Reconvexo

Eu sou a chuva que lança a areia no Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de
ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mas nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Olhos Nos Olhos

Maria Bethânia - Prêmio Shell - Beira Mar

domingo, 14 de setembro de 2008

PROJETO BRASILEIRINHO

PROFa VÂNIA CORRÊA PINTO E NOEMIA HIME

NAVIO NEGREIRO // POEMA DE CASTRO ALVES

TEXTO

"Era um sonho dantesco... O tombadilho,
Tinir de ferros... Estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, levantando às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... Mas nuas, assustadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.

Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
chora e dança, ali.

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... Se é verdade
Tanto horror perante os céus...

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba

Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!

São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão...

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma das noites nos véus...
...Adeus! ó choça do monte!...
...Adeus! palmeiras da fonte!...
...Adeus! amores... adeus!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...

Ó mar, por que não apagas
de tuas vagas
De teu manto este borrão?
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...

E existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e covardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,

Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

...Mas é infâmia demais...
Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de teus mares!"

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