quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda

Maria Bethânia - Eu preciso de você


Omara Portuondo e Maria Bethânia - O Cio da Terra

Vinicius de Moraes e Maria Bethânia (1967)


Y tal vez (Omara Portuondo y Maria Betania

Quando você não está aqui - Maria Bethânia // Herbert Viana e P. C. Valle



Prá quê dizer que a vida é mesmo assim?
Prá quê negar que estou longe de mim ?
Sonhando com você, sonhando em te rever, prá quê?

Prá quê buscar palavras na razão?
Me diz, prá quê?
Se gente é coração, se insisto em te querer e não sei
te esquecer, prá quê?

Quando você não está aqui, é sempre noite sem luar e sem fim
Quando você não está aqui, nem as estrelas vão brilhar pra mim

Prá quê dizer que o sonho é uma ilusão?
Prá quê buscar pra tudo explicação?
Quem ama é sonhador, eu só tenho um amor, você

Quando você não está aqui, é sempre noite sem luar,e sem fim
Quando você não está aqui, nem as estrelas vão brilhar pra mim

Prá quê dizer que a vida é mesmo assim?
Prá quê negar que estou longe de mim?
Sonhando com você, sonhando em te rever...prá quê?

Maria Bethânia Canta em Teresina Pela Primeira Vez



Maria Bethânia emocionou os fãs com show pra entrar na história. A cantora cantou sucessos dos discos 'Pirata', 'Maricotinha' e'Tempo, tempo, tempo.

Show Maria Bethânia
O público estava ansioso para ver subir ao palco uma das intérpretes mais consagradas na Música Brasileira. Maria Bethânia, pela primeirva vez em Teresina, subiu ao palco do Atlantic City acompanhada por sua banda e cantando 'Dentro do mar tem rio'.



Dando um show a parte em presença de palco e interpretação, Bethânia pouco falou com o público que lhe assistia, mas se mostrou simpática agradecendo aplausos e demonstrações de carinho. Intercalando canções dos discos 'Pirata', 'Maricotinha' e 'Tempo, tempo, tempo', basicamente, a baiana encantou e emocionou o diverso público que se encontrava distribuído pelo Atlantic City e levantou grande coro com a música 'Fera ferida'. Para cantar 'Cálice', de Chico Buarque, Bethânia precisou acompanhar a letra escrita em um papel.


Para finalizar o repertório de músicas que marcaram épocas ao longo do tempo, seja em trilha sonora de novelas ou nos discos tão vendidos, com pouco mais de uma hora de show, Bethânia cantou 'O que é o que é', do mestre Gonzaguinha, fechando um espetáculo que com certeza entrará para a história de Teresina.

Maria Bethânia Canta em Teresina Pela Primeira Vez

Teresina está recebendo uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira, Maria Bethânia, intérprete que dispensa apresentações, mas que a título de exemplo de sua magnitude, recebeu recentemente o prêmio Shell de música 2008, prêmio este dado até então apenas aos grandes compositores. Desde os meados dos anos 60, quando substituiu Nara Leão no lendário show “Opinião”, Maria Bethânia estourou no Brasil como a sensação da MPB, e desde então, vem fazendo um legado na música brasileira, sempre lançando compositores novos e, ao mesmo tempo, atualizando os grandes mestres, a exemplo: Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Noel Rosa, João do Vale, Pixinguinha, João de Barro (o Braguinha), Lupcínio Rodrigues, Edu Lobo, Dorival Caymmi, Paulo Vanzolini, dentre tantos. Contemporânea de Torquato Neto, Maria Bethânia, assim como outros expoentes intérpretes, impulsionou a carreira do poeta piauiense (ouça: “Pra Dizer Adeus”). A par dos citados compositores e poetas, sempre dá espaço aos novos e sofisticados talentos da música popular brasileira, como Ana Carolina, Arnaldo Antunes, Chico César, Vanessa da Mata, Adriana Calcanhoto, dentre outros. É bem possível que nem todos que assistirão ao show aqui em Teresina conheçam a trajetória fenomenal de Maria Bethânia, exceto pelos seus conhecidos sucessos, porém, fazendo uma alusão ao seu último show, dentro deste mar tem muitos rios. Bethânia foi a primeira artista feminina a ultrapassar a barreira de 1 milhão de cópias de discos vendidos, numa época dominada pela ditadura militar e pelo sucesso masculino, com o disco PÁSSARO PROIBIDO de 1976, que incluía o estrondoso sucesso Olhos nos Olhos, de Chico Buarque,ampliando consideravelmente seu público. Sempre independente, Bethânia nunca participou ativamente de movimentos musicais, o que não a impediu de influenciá-los e apreciá-los de alguma forma. “Animal Arisco”, nunca cedeu à pressão das gravadoras multinacionais, ávidas pelo sucesso imediato e instantâneo. Atual, o seu trabalho abrange também poesia e dramaticidade teatral ,buscando a brasilidade e mesclando influências do branco, do negro e do índio no cancioneiro brasileiro, além de evocar várias épocas da MPB. Dentre vários prêmios recebidos, o último merece destaque especial: trata-se do prêmio Shell de música 2008, até então conferido apenas aos grandes compositores, nunca a um intérprete. Entretanto, este ano um seleto jurado de críticos musicais, dentre eles Zuza Homem de Melo, reconheceu na obra artística de Maria Bethânia um trabalho autoral, uma assinatura musical como intérprete, pois como bem disse Chico Buarque: “nós compositores, entregamos uma música para Bethânia avaliar e recebemos de volta duas, a nossa ...e a música da Bethânia”. O mesmo Chico também disse,endossado pelo mano Caetano:”com Bethânia a gente não discute,apenas obedece”. Demorei muito para conhecer toda a obra de Bethânia e tenho muito orgulho do tempo em que garimpava discos de vinil raros em sêbos musicais paulistanos. A verdade é que a nova geração talvez nunca sinta essa prazerosa sensação, pois tudo é facilitado com a Internet. Ouço sempre comovido a antologia que compõe a formação musical,genuinamente brasileira.,de uma artista que tem uma voz vitoriosa ,que encanta,domina e hipnotiza o expectador com a sua doce presença no palco. (Wilsonney Holanda Leal). Foto: Ana Maria Domingues. Publicado por Neide de Jesus

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Maria Bethânia - Dentro do Mar tem Rio - Encerramento

Maria Bethânia - Grão de mar



Composição: Marcelo Arantes / Chico César

Lá no meu sertão plantei
Sementes de mar
Grãos de navegar
Partir
So de imaginar, eu vi
Água de aguardar
Onda a me levar
E eu quase fui feliz

Mas nos longes onde andei
Nada de achar
Mar que semeei, perdi
A flor do sertão caiu
Pedra de plantar
Rosa que não há
Não dá
Não dói, nem diz

E o mar ficou lá no sertão
E o meu sertão em nenhum lugar
Como o amor que eu nunca encontrei
Mas existe em mim

Mas nos longes onde andei
Nada de achar
Mar que semeei,perdi
A flor do sertão caiu
Pedra de plantar
Rosa que não há
Não dá
Não dói, nem diz

E o mar ficou lá no sertão
E o meu sertão em nenhum lugar
Como o amor que eu nunca encontrei
Mas existe em mim

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

OS DOCES BÁRBAROS // ATIRASTE UMA PEDRA


OS D0CES BÁRBAROS

FERNANDO PESSOA // CHUVA OBLÍQUA


Chuva Oblíqua
8/3/1914
I

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
e vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...

domingo, 28 de setembro de 2008

Maria Bethania e Alcione - Ternura Antiga


Maria Bethânia - Prêmio Shell - Viramundo


FERNANDO PESSOA

"Um dia,lá para o fim do futuro,alguém escreverá sobre mim um poema,e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino."

FERNANDO PESSOA // AUTOPSICOGRAFIA



Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.

FERNANDO PESSOA


Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simples.Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.Entre uma e outra todos os dias são meus.


Fernando Pessoa/Alberto Caeiro;Poemas Inconjuntos;Escrito entre 1913-15;Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925

FERNANDO PESSOA // EM MIM

Em Mim
Paro à beira de mim e me debruço…
Abismo… E nesse abismo o Universo,
Com seu tempo e seu ’spaço, é um astro, e nesse
Alguns há, outros universos, outras
Formas do Ser com outros tempos, ’spaços
E outras vidas diversas desta vida…
O espírito é outra estrela… O Deus pensável
É um sol… E há mais Deuses, mais ’spíritos
De outras essências de Realidade…

E eu precipito-me no abismo, e fico
Em mim… E nunca desço… E fecho os olhos
E sonho — e acordo para a Natureza…
Assim eu volto a mim e à Vida…
Deus a si próprio não se compreende.
Sua origem é mais divina que ele,
E ele não tem a origem que as palavras
Pensam fazer pensar…
O abstrato Ser [em sua] abstrata idéia
Apagou-se, e eu fiquei na noite eterna.
Eu e o Mistério — face a face…
Primeiro Fausto, O. C.,VI v., 1952, p. 83.
Fernando Pessoa - Poemas Ocultistas - 06/11/1912