terça-feira, 26 de julho de 2011

CORA CORALINA HUMILDADE

“Humildade







Senhor, fazei com que eu aceite


minha pobreza tal como sempre foi.






Que não sinta o que não tenho.


Não lamente o que podia ter


e se perdeu por caminhos errados


e nunca mais voltou.






Dai, Senhor, que minha humildade


seja como a chuva desejada


caindo mansa,


longa noite escura


numa terra sedenta


e num telhado velho.






Que eu possa agradecer a Vós,


minha cama estreita,


minhas coisinhas pobres,


minha casa de chão,


pedras e tábuas remontadas.


E ter sempre um feixe de lenha


debaixo do meu fogão de taipa,


e acender, eu mesma,


o fogo alegre da minha casa


na manhã de um novo dia que começa.”






Cora Coralina





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