segunda-feira, 28 de julho de 2008

MARIA BETHÂNIA




Ainda com as cortinas fechadas, Bethânia anunciou sua chegada com o rufar da voz que dificilmente se pode acreditar vir de uma mulher de 60 anos. Assim, de queixo caído, a platéia do Teato do Sesi, em Porto Alegre, recebeu a cantora com cerimônia e devoção quase religiosas. Se ela nos ordenasse que parássemos de respirar, assim o faríamos, sem pestanejar. Maria Bethânia, no entanto, optou por tirar-nos o fôlego com interpretações impecáveis do repertório dos álbuns lançados simultaneamente na semana passada: Mar de Sophia e Pirata. Um para água doce, outro para a salgada.

A dinâmica dos shows de Bethânia não muda muito. Chega pela lateral, lê os textos sentadinha, se apresenta rodopiando na ponta do pé descalço, quase não fala com a platéia, some durante o interlúdio da banda, volta de roupa nova, canta, canta, canta. Não houve, desta vez, "músicas de cantar junto" como, por exemplo, "O que é, o que é? ", "Olhos nos Olhos", "Explode Coração", "Reconvexo" ou "Iluminada", comuns nos últimos shows. Dentro do mar tem rio, a turnê, consiste basicamente dos dois cds novos, em ordem temática, e uma ou duas relíquias da mpb. Mesmo assim, enfeitiça quem o assiste - e não dá muita chance daqueles mal-educados de plantão ficarem gritando elogios desconcertantes ou, o que é pior, pedindo suas músicas favoritas aos berros como "toca Terezinha!!"

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